2 de dez. de 2008

ESBOÇO de RESPOSTA


Pai,

O site se destina a determinado público alvo. Tenho percebido, Já a algum tempo, que nossas reivindicações tem encarado barreiras, não só objetivas, mas subjetivas das pessoas com as quais pretendemos ser parceiras de uma transformação do mundo.

Esse blog, não é só meu. Ele tem por objetivo, necessariamente, o descompromisso com os padrões acadêmicos de comunicação. Pretende realizar uma crítica à cobrança de responsabilidades, que tantas vezes se faz só da boca-pra-fora, privilegiando o âmbito discursivo, e, ligado a isso, tentamos acompanhar mais de perto as contradição dos valores morais de nossa sociedade e da cidade de itupeva.

Os jovens rebeldes que vc diz... onde estão? Sinceramente, não acho que sair pixando parede por pixar, colar cartaz por colar, vai corresponder a rebeldia: esta que eu e outras pessoas expressam ao tentar não se adequar facilmente ao que se impõe como padrão, comum, mando, etc... Na oficina de graffiti, nas letras de bandas hardcore que o pessoal que eu ando em itupeva escuta, em outras atividades está presente uma mistura de intenções difíceis de penetrar à fundo. Aliás, nesses dois casos exemplos, o que se percebe é falta de profundidade a cerca do que se está fazendo. Mas, isso não deve ser encarado como o fim do mundo... Na escola todo mundo saiu pixando tudo e nas letras das bandas de hardcore revoltadinhas e sem nenhuma atitude relevante que passe além do discurso, concordo, se expressa uma superficialidade muito grande. A pergunta que muda o paradigma dessa questão e pode causar até algum entusiasmo para quem se importa com a construção de poder popular e com educação é: Será que é preciso ler Marx, pra virar um eficiente transformador social? Será que não estamos passando por uma mudança de critérios e dimensões de valores, pelo menos com os jovens? O aparente tem peso tão grande que muda até a essência das coisas. Enfim, aqui já entramos em outro assunto, que não deixa de estar presente em algumas coisas que andamos fazendo.

Mas, voltando ao blog... dá para perceber que "apelamos" para uma linguagem mais relaxada, sem tanto compromisso sintático ou gramatical. É mais descontraido, o que não quer dizer que não seja menos pensado. Depois conversamos mais sobre o que vc achou de errado no blog...

Um ponto exemplar em que apliquei tudo que tinha pensado, foi aquele post "de como tocar o puteiro maior ainda em itupeva". Utilizei alguns termos ligados ao mundo fashion, para partir do mais "aparente e vil" produto da cultura de massas (poderia ser uma linguagem tipicamente afetiva de outdoors). Dei uma olhada nuns sites dessas revistas de moda feminina e tui ao trabalho. Parti de algo superficial para tentar colocar uma possibilidade de crítica social. Piquenique de comida roubada fez muito sentido na crise da economia Argentina, por volta de 2001 e também se manifesta agora em Santa Catarina.
Nesse momento de crise, pai, pra gente os efeitos ainda não aparecem e podem não aparecer, mas para a população pobre a situação vai piorar. Nesse caso, sou completamente a favor de roubo de comida. Se nem comida for um direito garantido, com certeza, farão que isso se aconteça pelo roubo.


abraços!

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