18 de abr. de 2012

Um novo conceito, por Lourival D. B. P.

Meu vô eh um cara foda! Não que o seja por ser meu vô e por ser condição determinante tanto para minha existência quanto para minha admiração, mas sim por que ele inventou muita coisa para alem da própria prole.
Ele eh analfabeto... há quem diga que ser assim eh como renegar grande parte de humanidade, eh ser rebaixado ao trabalho manual de todo dia e as mais ásperas profissões existentes. Mas quão espantosa não são as colaborações de meu avo e tantos outros não letrados ao mundo das letras (Haja visto toda inventivologia de um Guimaraes, pra quem precisa de referencias).No entanto, meu vô foi referencia suficiente para mim hoje. Ele inventou um conceito novo, algo que nenhum filosofo ou grande cientista da física quântica poderia ter se atrevido a formular. Enquanto lia um livro qualquer de cronicas... seu Lourival pergunta:

Como eh que eh? Você esta lendo ou esta deslendo esse livro ai?

Ate o presente momento sempre pensei que lia um livro ao o folhear as paginas, deter a atenção sobre seus assuntos, memorizar uma passagem ou outra e me esforçar em imaginar as situações inusitadas que compunham as linhas perfiladas de palavras e signos de todo tipo. Porem, após a pergunta, um tanto quanto inusitada do meu avo, poderia igualmente pensar... porra, sera que ate agora eu desli ou li os livros?
Se os segui a risca, se não ousei alçar o vôo imaginativo, que tantas vezes eh reprimível e nos faz perder a atenção das linhas e da firmeza do português da esquerda pra direita... se segui a regra, pausei nos pontos, modulei a voz do pensamento ao encontro com o ponto exclamação ou o ponto de interrogação, poderia dizer que lia, simplesmente, por isso? Antes, provavelmente, estivesse me acomodando!

Meu vô, talvez sem perceber, questionou diversos atestados de dislexia dos sérios psicólogos infantis de plantao. Lourival-Deleuziano-Basílio-Pimentel desterritorializou o ato de ler enquanto lavava os pratos... Agenciou a atenção, desleu minha boca quieta e me pôs a escrever.
Esse texto eh seu e toda essa gente sem educação!

22 de nov. de 2011

Eu sou um Ovo podre...
Eu sou um novo podre...

O podre inodoro, insípido e translúcido

Novos podres estão por ai, em filas para exercer suas criativas profissões!
1 dúzia de ovos a cartela
2 dúzias de ovos pelo preço de uma
N-ovos novos todo dia pra se deliciar!

9 de set. de 2011

Mais que uma banda, um bando!




O Nome de algo diz muito sobre o que algo é, mas quem dá o nome de algo diz mais ainda... O nome, “Ponto Exclamação”, foi dado por um companheiro que hoje não está mais na banda... Está tocando por outras bandas, cujos ecos não nos chegam aos nossos ouvidos demasiadamente humanos. Sua memória, no entanto, continua presente e falar do Lincoln Marques é falar muito sobre as causas para o Ponto Exclamação existir.
O Lincoln Marques era o atípico jovem da cidadezinha de itupeva. Alguém que de fato caiu na BR, viveu as experiências de compartilhamento da vida e do dia-a-dia, sentiu a solidariedade inevitável entre as pessoas, seguidor das idéias de respeito da Natureza da religião Rasta e proeminente músico autodidata. Teve também seus enfrentamentos na vida contra uma série de preconceitos e moralismos de nossa sociedade, que faz mais alarde com um cigarro de Maconha do que com a disseminação incessante e descontrolada de Plantas e tantos outros alimentos transgênicos; nossas futuras causas de Câncer e tantos outros males... Enfim, era alguém com motivos de sobra pra ter também várias inquietações não só na cabeça, mas no seu modo de ser e de se expressar artisticamente.
Por mais atípico que fosse, ainda assim não era solitário. Vivia com muitos amigos e nutria, com a maior parte deles, um descrédito quanto à política institucional e quanto aos rumos do sistema em que vivemos... Sistema apressado como é esse, não vê grandes coisas em um bando de jovens que cantam, pensam e tentam contestá-lo. É um sistema que sobrevive da desigualdade e o Lincoln transmitia igualmente pras pessoas boas conversas, músicas...
Entendendo um pouco desse histórico do nosso companheiro, dá pra entender por que do nome da banda. Ponto Exclamação é um nome engraçado por que não tem o “de”, uma palavrinha que geralmente indica uma relação de posse ou de pertencimento de alguma coisa a outra... Perguntemos as pessoas quais são os pontos importantes de se discutir? Por quais pautas deveríamos estar exclamando? Não necessariamente essas duas perguntas são respondidas juntas e muito menos, apenas uma banda, as responde...
Talvez o melhor para caracterizar essa banda seja assumir seus limites. A banda Ponto Exclamação é um reflexo dessa juventude que sente que não tem voz pra formular seus questionamentos, que não é dona de suas próprias vozes, que se vê enganada pela mídia e pelas idéias do que é bom, bonito e barato. Mas ainda assim, é apenas uma banda de música que tem consciência de sua limitação artística e social, e sabe que é preciso muita mobilização para que as pessoas entendam que tem sido roubadas e exploradas a séculos.
Ao seu melhor estilo rap, rock, reggae, MPB, samba, funk entre tantos outros estilos e sonoridades deixo aqui a minha indicação musical cadê vez mais longe de toda obviedade que encontramos nesse mundão a fora!


25 de mai. de 2011

Acabou de me surgir na cabeça o seguinte questionamento: Qual é a primeira consequência tanto política quanto econômica de uma manifestação pública?

Trânsito, Fluxo, Ordem & Desordem

Se avaliarmos uma manifestação como uma passeata, por exemplo, sabemos que o efeito mais imediato, tanto político quanto econômico, é a diminuição do fluxo de trânsito de automóveis da cidade. É importante então que se pense o que é o trânsito, o fluxo e o carro... e posteriormente a idéia de ordem e desordem atrelada a esses, tão comumente, atrelados termos
Falamos e ouvimos, que aquela ou essas “Obras vão melhorar o fluxo do trânsito”. O Trânsito aqui é visto como um determinado modo de locomoção já estabelecido: o trânsito é o trânsito dos carros, das bicicletas, dos andarilhos, enfim, o trânsito visto sob uma perspectiva de determinado meio de locomoção e não visto sobre a perspectiva das pessoas, trabalhadores, estudantes, enfermeiros, carteiros, em trânsito, na sua diversidade em movimento.
Mesmo pensando num debate sobre o trânsito, ou numa mais correta utilização do termo Trânsito... aquilo que está em trânsito, por sua vez, é , contraditoriamente, também, algo que não pode assumir mudanças. Há algo em trânsito, mas sem transição possível, nem sequer possível de ser questionado, por parte de uma parcela de participantes. O trânsito parece ser, a uma primeira vista, estruturado-organizado para determinados meios de locomoção, caminhos e itinerários, e numa outra perspectiva, também, o trânsito é aquilo que está em constante movimento.
Chamar de trânsito padrões mercadológico-logísticos de movimentação, é conveniente, apenas, aos atuais influentes organizadores do sistema produtivo e seus representantes dentro da política institucional. Trânsito visto desse modo é o trânsito de uma interpretação pautada nas finalidades últimas do acúmulo de Capital
A idéia de fluxo, por sua vez, para um ou para outro sentido, só é possível quando imaginamos que algo passa, por algum lugar, portanto, tem um referencial. É por um canal que passa um fluxo-de-água, por um fio condutor passa um fluxo-de-elétrons. O fluxo também sempre deve estar ligado a algo que está em fluxo.
O trânsito, no entanto, pode assimilar ordem e desordem dentro de uma mesma forma: assim temos a desordem ou a ordem pelos fluxos contidos nas ruas, no qual, no fim das contas, carros estão em trânsito. Temos ordem ou desordem de fluxo dentro de um prédio, no qual trabalhadores transitam a pé. Temos ordem ou desordem nos céus, quando imaginamos o fluxo de aviões que passam por cima de nossas cabeças, mas que possuem uma organização de rotas, um determinado esquema já estipulado, vias aéreas.


Ordem e desordem

A idéia de desordem pública, contemporânea, fica diretamente associada a interrupção do fluxo intermediado pelo carro e pelo itinerário típico do trabalho-para-casa, ou da casa-para-o-trabalho (poderíamos dizer, por veze, do trabalho-ao-trabalho, pois hoje a expansão das divisas do tempo de trabalho em nossa sociedade e a descentralização de determinadas profissões, deixam-nos confusos se estamos ou não trabalhando). A idéia de ordem, pelo contrário, aproxima-se, não da idéia geométrica de harmonia ou outras referentes a ordem como princípio abstrato, mas da ordem estabelecida, um statum quo que mantém as pessoas enquadradas disciplinadamente pelos contornos e itinerários do dia-a-dia. Estes, por sua vez, são pautados pelas projeções do urbanismo e pela logística do fluxo de mercadorias.
Ao misturarmos a idéia de ordem matemática a idéia de ordem social, nasce um monstro moral que raciocina dedutivamente e só enxerga critérios binários (verdadeiro ou falso), acerca de questões que deveriam ser pautadas e discutidas pela sociedade comum um todo.
A idéia de trânsito, atualmente, corrobora com a perspectiva da ausência de participação e de debate público sobre política e economia. O trânsito, dessa forma mercadológica e logisticamente entendido, incluí a todos como indivíduos, mas não como participantes ativos que poderiam deliberar sobre as possibilidades de fluxo numa cidade. Ela impede, no final das contas, que pensemos e nos conflitemos com o nosso próprio modo de vida e os males que eles trazem a sociedade.
Por que o BlackBloc é como é?


Poucos leitores talvez tenham presenciado ou participado de uma passeata ou manifestação, revindicando uma pauta de interesse público. No nosso país e no mundo, manifestações ocorrem diariamente se opondo as opressões sofridas, de diversas formas, cujos alvos são trabalhadores, campesinos, jovens, negros, homosexuais, enfim, pessoas submetidas as estruturas densas de poder econômico-político que transformam a vida de todos nós a todo momento, por vezes sem percebermos.

Não obstante a diversidade de manifestações pelo mundo a fora, muitas pessoas, historicamente falando, debruçaram-se sobre essa diversidade de atos. tentando enxergar alguma relação que pudesse explicar por que, a tanto tempo, as manifestações públicas e legítimas de pessoas que se sentiam oprimididas pelo sistema dominante, quase sempre tinham como resposta não a obtenção dos direitos requeridos, mas sim o gesto repressivo do Estado e da polícia... que só saberia dialogar através de bombas de gás lacrimogêneo e carícias de cassetete.

Uma das formas de luta nascidas dessas reflexões sobre o enfrentamento entre a sociedade em manifestação e o aparato estatal foi o Black Bloc (Bloco Negro). Geralmente, associada aos movimentos anarquista e autonomista da década de 80 em diante, ela se caracteriza por uma forma típica de atuação em manifestações coletivas públicas.

Nas passeatas e nas ruas, o B.Bloc, a olhos avessos a reflexão, podem parecer apenas como mais um bando de baderneiros. Infelizmente, a visão mais geral de qualquer manifestação pública é essa: “são todos um bando de baderneiros”, parafraseando um não-colega de profissão. Mas essa classificação só ocorre pois as manifestações e passeatas de estudantes, jovens e trabalhadores, em geral, trazem mensagens concorrentes àquelas alardeadas pela grande mídia e acabam, assim, questionando, ainda que pouco, o próprio poder dos grandes meios de comunicação em comunicar e mais ainda em identificar problemas de fato preocupantes para sociedade.

Apesar da mídia possuir a função de disseminar idéias, ela também as filtra, seleciona e pode também, com seu poder de capitação de imagens, registrar determinadas cenas ou não, torna-las públicas ou não. Imaginemos, por exemplo, uma manifestação reivindicando determinada demanda estudantil, que tenha a presença ilustre de repórteres de TV, e a presença ilustre, mas não convidada da polícia... Pois bem, em tempos de acirramento dos conflitos, como houve muitos em nossa história, os meios de comunicação de massa e o aparato repressor de idéias e atos, agiram conjuntamente: os registros das cenas, que eram monopolizadas apenas pelos grandes meios de comunicação, jornais, e TV, serviam para identificar pessoas que estavam envolvidas com o movimento. O período da ditadura militar, em diversos países e aqui no Brasil possui diversos exemplos dessa “associação”.

Partindo da análise de situações históricas, como essa, o movimento Black Bloc encontrou algumas possíveis formas de resistir a essa grande barreira que é o poder de identificar e punir exemplarmente pessoas que participam de manifestações públicas legítimas, adotando um modo e um objetivo: um meio e um fim: Tanto para defender o direito que a passeata reivindica quanto para defender o direito ao ato em si.

O objetivo dos Black Blocs, portanto, é deixar claro que as manifestações e reivindicações populares devem ter espaço na sociedade e devem expressar suas mensagens ao máximo possível de pessoas, sem que isso signifique um problema de legalidade. Indissociado, teórica e praticamente desse objetivo está a idéia de que os movimentos reivindicatórios acabam tendo sua autonomia limitada pelos conflitos sempre tão revisitados com a polícia.

O meio de agir dentro dessa situação conflitante, ao mesmo tempo em que prosseguisse a manifestação legítima, seria, surgido qualquer início de enfrentamento com a polícia, que o enfrentamento fosse um conflito em que os manifestantes não se isolassem ou agissem espontaneamente. A perspectiva é de ação sempre em grupo, mesmo para o enfrentamento. Assim é que se justificam as vestimentas, geralmente, pretas e os panos tão característicos dos participantes dessas manifestações, eles servem para garantir a integridade contra as possibilidades de identificações isoladas. Um ativista de black bloc só quer ser reconhecido por sua pauta e é ela que impulsiona coletivamente os participantes do ato...

Posto isso, então, por que punir individualmente e exemplarmente um indivíduo de uma manifestação de luta por interesses públicos legítimos, como a necessidade de educação, o acesso a moradia, aos bens materiais mais básicos? Respondo imaginando que talvez seja essa a única forma de encontrar uma “ilegitimidade” no ato ou a única forma de fazer com que as pessoas, espectadoras do que se passou, engulam a idéia de que o protesto - como um todo - foi obra típica dos baderneiros de sempre. Pois, se há isolamento dos indivíduos no movimento, a mídia pode editar, recortar melhores enquadramentos da cena, que favoreçam a imagem da polícia como mantenedora de ordem pública, etc... Apesar de sabermos que, há muito tempo, a ordem que a polícia defende não é nem um pouco pública: ela defende uma ordem privada que priva as pessoas o acesso a educação, a saúde, a terra, e a uma série de direitos inalienáveis.

Na verdade, o enfrentamento contra bombas de gás lacrimogênio, uniformes e balas de borracha é, de fato, apenas um episódio de uma luta muito maior, que se dá a todo instante... na nossa escola, no nosso trabalho, nas nossas vidas, a qual chamamos luta de classes e que se manifesta por diversas formas.


O.L.P.

18 de abr. de 2011

A Arquitetura como uma mercadoria cultural?

Ou uma provocação sobre o trabalho e o movimento




Como diz o texto “A Indústria Cultural: O esclarecimento como mistificação das Massas”, a cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. Ouçam as bandas e as enquadrem num perfil, num estilo; acompanhando isso, defina um estilo próprio de vestuário próprio a esse estilo musical favorito; defina igualmente filmes e apreciadores de filmes; toda a “produção cultural” estaria enquadrada a determinada institucionalização dos sentidos que temos da mesma. Poderíamos dizer que mesmo a audição e a visão, que nos levam a apreciar a música, o filme e o poema... estão, de alguma forma, conformando-se ou se enquadrando nessa sanha da semelhança.

É mais simples entendermos a dominação dos padrões culturais ao olharmos os exemplos típicos e cotidianos dessa dominação: Os Outdoors, Os Comerciais, Os Merchandising... Ao ouvirmos padrões musicais... No entanto, o que nos passa desapercebidamente é que a padronização cultural vigora até mesmo nos contornos arquitetônicos das cidades, agenciando, pra além do nossos olhos e ouvidos..também o nosso corpo inteiro. Assim, os estilos arquitetônicos da cidade louvam também determinados estilos característicos, a favor da reprodução de mercadorias e de determinadas trajetórias do nosso dia-a-dia.

Transpassando as limitações físicas de muros e contornos da cidade, as músicas, os comerciais, os jingles, alojam-se no inconsciente, sugerindo a todo instante: comprem isso ou aquilo... cumprem seu papel de servirem de máscaras do processo de produção da própria cultura e de tudo que existe no mundo.

A cidade é um ambiente de contatos conflitantes: o desejo imediato das pessoas tem como principal manifestação a sua pressa, refletida em sua trajetória cotidiana. O deslocamento é a primeira manifestação de nossa vontade individual e, como tal, é também um elemento de análise da conjuntura do cotidiano. As trajetórias com as quais nos conflitamos, em nosso dia-a-dia, nada mais são do que uma espécie de quadro, ou obra de um artista invisível e fantasmagórico. Esse artista é o Capital, alienando copiosamente o trabalho e, numa concepção mais material do conceito de trabalho, podemos dizer que o Capital é um sistema de alienação, tanto do movimento individual quanto coletivo.

O deslocamento que a classe trabalhadora reproduz em seu dia-a-dia é como uma prisão da experiência, uma conformação não só dos sentidos, mas também do corpo humano. Nos momentos em que a classe protesta e intervem com atos inesperados nas ruas, no seu espaço de trabalho, querendo transformar as relações que vivem, algo estranho ocorre para a maioria dos que estão conformados com o seu cotidiano individual e com a confiança da reprodução das funções de cada lugar que freqüentamos no nosso cotidiano individual: o “algo estranho” que acontece é justamente o piquete, a greve, o movimento que aparece agora e não aparecia antes.

A Arquitetura lida com estas questões e por isso podemos entender que ela também expressa a exploração do sistema ao qual estamos submetidos. Ela é um projeto que se instaura fisicamente no nosso dia-a-dia e que permite a criação de espaços freqüentáveis. Se há pessoas ali, há política. E o próprio projeto do espaço freqüentável - o pra que ele serve - pode nos denotar uma espécie de tentativa de aprisionamento dos movimentos do trabalhador. Como provocação podemos fazer a seguinte pergunta: é possível falarmos de um mercadoria espacial? Os movimentos individuais humanos estariam tão presos a reprodução do Capital que apontariam para uma espécie de valor de uso dos espaço?

A essas perguntas que poderiam surgir ao estudarmos a arte Arquitetônica, sobre o prisma das análises do texto de Adorno e Horkheimer “A Indústria Cultural: O esclarecimento como mistificação das Massas” respondo: não, a Arquitetura, assim como qualquer arte, não podem ser cristais funcionais que só expressam as destorções do Capital. Toda arte, assim como todo tipo específico de trabalho, é um movimento num espaço político de disputas.

Os espaços, por mais distintos que sejam, não são trocáveis como as mercadorias. Podemos alterá-los, e inevitavelmente fazemos isso, mas eles não expressão o definitivo aprisionamento dos seres ao sistema capitalista.

Termino, com toda certeza, incompletamente esse texto, imaginando a importância da frase de Rosa Luxemburgo: quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem

6 de mar. de 2011

ONDE NOS ENXERGAMOS PROLETÁRIOS?


A condição geral do proletário é essa: Ele não vive o seu projeto de futuro. As condições do futuro seu individual, imediatas, não são suas: para o proletário sua figura é a de alguém que deve favores, que deve submissão, que utiliza os meios de produção de outro, que tem de cumprir as perspectivas de futuro de uma hierarquia que lhe precede, para só depois desfrutar a possibilidade de construção de um futuro um pouco seu, construído muito mais a partir das suas opções de compra, do que de suas atitudes do cotidiano. É assim que os fins de semana e os feriados se consagram como palcos da liberdade e satisfação.

Ao ver o produto final da empresa em que trabalha, ele [o proletário] também não consegue admitir que o resultado final ( a mercadoria ) e a perspectiva de futuro daquela sua empresa ( por exemplo, o gerenciamento orçamentário, a função cristalizada da empresa, bem como sua hierarquia...), enquanto processo, são uma construção necessariamente social. Por não percebermos isso, tornamo-nos satisfeitos com a perspectiva de sermos, pelo menos, mercadorias que criam outras mercadorias.

O mérito, a burocracia, a família, a hierarquia, atrapalha e confunde as vistas: a construção necessariamente social do futuro não pode se instalar sob a perspectiva de um conflito coletivo, ela só aparece sob a égide de um conflito individual e privado contra o coletivo. É preciso de heróis e vilões. Assim o indivíduo de sucesso na vida é aquele que enfrenta individualmente as torrentes - sempre contrárias – do mundo perigoso que o cerca e se auto-analisa, a partir dos critérios mais circunstancialmente válidos para não se imiscuir com este mundo que o cerca. É o nosso herói... O exemplar vivo e heróico, de confirmação, de que sim(!), a construção social do futuro é possível e se segue a partir de um caminho de esforço individual contra o coletivo! É assim que podemos viver em paz com nosso próprio descompromisso... podemos nos estressar com tudo em volta sem nos misturar mos com os problemas e podemos fomentar ainda mais a divisão entre falar e fazer (pois se tratam de operações essencialmente coletivas). Enquanto cada vez mais somos – individualmente - responsáveis pelos nossos futuros individuais, nós somos tanto mais irresponsáveis pelo nosso futuro coletivo.


Muito bem e daí?

Toda essa possibilidade e articulação de sentido, de ver tudo sob o prisma dialéctico, não se expande pra além da análise pontual, daqui de quem escreve, e, daí de quem lê. Ler é bom, culturalmente falando, indica uma disposição maior do individuo para o debate sobre os problemas do mundo, mas nossos companheiros pro lado de lá da fábrica, pro lado de lá de dentro da sala de aula, pro lado de lá de dentro da companhia terceirizada não tem entendido muito o que vemos e anda se passando por ai... Eles se encontram sob as condições de explorados e alienados, sim, mas nós também...

Existe um elo que nos liga intimamente a esse proletário: nós não compartilhamos os meios de construção de nossos futuros. Nós assumimos um caminho individual de formação cultural e política em vistas de nos defrontarmos com o mundo... esquecendo que vivemos num país de uma educação e cultura cheia de contradições e rabos presos. Infelizmente, até a esquerda brasileira envereda nisso: pois fomentou por tanto tempo a chegada ao poder por meio de um “projeto popular”, que ao chegar no poder ( estou falando do PT, do projeto Lula/ e agora Dilma ) não pode crer no que via, na frustração de anos de construção e formação educativo-política. Ficou, novamente, perdida entre a falência de um projeto de futuro coletivo e frente a apropriação privada dos meios de consolidação de um projeto socialista para o nosso país, no qual o proletariado teria uma possibilidade de romper com a dicotomia Heróico-Vilanesca que se antepara nos critérios de felicidade do Capital.

Poderia concordar agora, com tantos outros companheiros de luta e dizer novamente: É preciso trabalho de base. Mas, acredito que essa afirmação deveria soar como redundância ao falarmos da luta social... Não adiantaria exercer tanta pressão pelo trabalho de base para uma base militante, por que não é muito bom, nem muito de esquerda, associar a idéia de trabalho de base, a mesma idéia de dever e eficiência que o nosso trabalho cotidiano já nos vende.

É com pesar, que vejo companheiros - desses que não precisavam incitar o trabalho de base alheio para realmente fomentá-lo - lutando contra os muros da burocracia estatal... não tanto por suas avaliações da conjuntura de nossa época sobre as possibilidades de lutas sociais - a partir das condições que o Estado nos trás num governo que mostra brechas de disputa - mas por que, sem perceber, estão contidos pelas paredes da burocracia, andam se atrelando aos ritmos e compassos da luta institucional e do espetáculo da democracia burguesa, que separa o poder do proletário não só pela dicotomia Teoria/Prática ( promessas e atos ) dos partidos de esquerda, mas também por questões espaciais e temporais: Brasília está cada vez mais longe... a cada 4 anos...

18 de fev. de 2011

Em sampa... tá 3 conto o Busão!


O que mais entristece, quando vejo um movimento pelas ruas a protestar por direitos legítimos, é ouvir os comentários dos que não estavam por lá. A “crítica” a distância evita os riscos e conserva o corpo inerte e inteiro!
Sob a receita pronta do “não precisava chegar a esse ponto”, do “existem outros meios”, um dos achos e não achos nossos de cada dia, nos mostramos defensores da pomba branca da paz e da intuitividade individual na resolução de todos os problemas do mundo (!), sejam quais forem eles. Da organização da vida pessoal as incumbências do trabalho ou - de rabeira - na organização de uma marcha ou protesto que passe na TV, o engenho individualista lampeja e dá suas saídas...
A receita da receita é simples: seja esperto e evite os riscos.
Pra quem já participou de um ato público, de uma luta coletiva e sofreu repressões por tal atividade, sabe muito bem isso. A agonia dos revoltados a distância vai além do fato de não poder estar presente no movimento. O foda é não conseguir fazer trabalho de base em nossa própria casa...


LONGA VIDA AOS PROTESTOS DOS ESTUDANTES E TRABALHADORES!
"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prende"


para mais informações sobre o ato: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/pm-reprime-com-violencia-ato-contra-aumento-das-tarifas-de-onibus-em-sp.html

16 de fev. de 2011

A Pólis
Itupevenses!


Itupeva, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A todo instante, ao falarmos de política, instituições públicas ou iniciativas sociais coletivas, já nos vem a sensação de que o assunto de alguma forma se relaciona a corrupção ou de algo com poucas possibilidades de funcionar direito. Esse, de fato, é o nosso sentimento, a nossa constatação, que vem acompanhada com o pesaroso desânimo no tocante a tudo que se relaciona com o Público: pergunte ao estudantes, aos secretários do funcionarismo público, pergunte ao vereador mesmo, ao anarquista inveterado, ao descompromissado, pergunte ao trabalhador comum...

Todos fazemos parte desse grande público, que assiste a tragédia da política no cotidiano, mas, ao mesmo tempo, não reconhecemos devidamente o nosso próprio papel nisso tudo. Aos poucos, as pessoas e o próprio espaço onde trabalham e atuam vão ganhando a marca da frustração e do desânimo. Os funcionários públicos e os usuários dos serviços públicos, por exemplo, encontram-se então travados com o problema crônico de uma “política sem política”.

“Política sem política”, por que a política, que deveria estar relacionada a um debate público, amplo, entre iguais, sem pressa eleitoral, fica cada vez mais perdida na nossa e em tantas outras cidades, sobrevivendo entre um paternalismo e clientelismo típico de nossa região.
Somos, assim, paternalistas por acostumarmos a ver políticos institucionais como os únicos capacitados a decidir e entender sobre os rumos dos problemas públicos. Seriam para nós, como papais do povo, reorganizados a cada 4 anos, quando, finalmente, seus filhos podem abrir a boca com algum resultado. Clientelistas por acreditarmos que tudo que esse papai faz é uma obrigação moral: se não dá, a gente chora e berra pra o primeiro infeliz que nos apareça na frente, tal como fazemos na demora de um hambúrguer, ou num serviço privado mal prestado. Geralmente, o funcionário do balcão mais próximo ( o elo mais fraco, o testa de ferro, o ouvido de pinico) é quem suportará nossa necessidade de suprir essa revolta pontual, tão mais intensa quanto menos transformadora da situação pela qual passamos. Depois da revolta episódica, já podemos voltar a criticar a política nacional, os estudantes em passeata, os sem terra, os vagabundos, os grevistas e etc...

Na pólis, itupevenses, pendulamos entre essas duas figuras: o paternalista e o cliente. Não deixam de ser dois modos de lidar com o público, nos dois sentidos da palavra... paternalistas e clientelistas ao lidarmos com o público que nos rodeia; paternalista e clientelistas ao lidarmos com a esfera pública, com todas as instituições públicas que também nos rodeiam, com todas as tomadas de decisão que afetam a nossa cidade e que também nos rodeiam...
Rodeiam, rodeiam, rodeiam, rodeiam... (!) E nesse touro brabo... o itupevense permanece se equilibrando. Erro do Boi, erro do peão... Política não combina com rodeios, não combina com esses bois ferrados pela marca da burocracia, dos ofícios e dos carimbos... isso não é política, isso é desculpa esfarrapada pra impedir uma compreensão mais realista e participativa a cerca dos problemas da nossa cidade e, por que não dizer, do mundo.
Compreendendo que há uma contradição mal resolvida entre assistir individualmente os problemas que nos rodeiam e a resolução dos mesmos que se dá de forma, necessariamente, coletiva e pública, num espaço público e aberto – entendendo isso é que vem a mente algumas perguntas e um apelo: Será que política é só isso mesmo? Será que não andam mantendo esse Monstro Burocrático, Corrupto Feio e mal Feito pra poder controlar a participação popular nos rumos da política local e nacional, para nos desestimular a levantarmos nossa voz? Afinal, dizem que andam “fazendo algo por nós”... andam “investindo em educação”, por nós... que andam “melhorando a saúde e a aquisição de remédios”, por nós... “responsabilizando-se” pela desigualdades sociais, por nós... destinando verbas pra lá e pra cá, por nós... que tem levado cultura igualmente, por nós... que tem tratado as demandas de empresários com o mesmo apreço e disponibilidade que trata a dos trabalhadores assalariados, por nós (!) ... Será mesmo? Não sei não, só me cabe o apelo: a Pólis Itupevenses!




Orlando L. Pimentel

14 de jul. de 2010

Relatos sobre Experiências de Educação Popular


Muitos dizem que filosofia não presta pra nada... Felizmente, devo concordar com isso e dizer que ela não também servi a ninguém. Não é util para manter as coisas como estão... Deixar tudo calmo e explicado

Pelo contrário, a filosofia por se dizer inútil, dilapida a margem do que se presta a servir a uma hierarquia ou ordem qualquer que seja. É como um sólido qualquer boiando por ai, pronta para colaborar nos impactantes conflitos com as margens de nossa realidade histórica, de nossos conhecimentos mais bem quistos

Sedimentando e recompondo
A Filosofia boia

24 de mar. de 2010

Não sei que sinestesia é essa
que me adaga e sangra um vento lindo
de todo ar em volta
Quando vejo o povo preocupado às ruas,
Quando vejo a menina, às ruas, despreocupada

Estou inspirado e inspiro
até mesmo
o ar poluído da cidade
E notamos - os inspirados - a presença
enfática da menina despreocupada,
ocupando um singular lugar no espaço
E gotejando, de canto em canto,
Traços tão seus sem dono
Corpos tão seus sem dona
Descuidados seus sem frescura
Despreocupações nossas, sem asco
Se luiza ou Iolanda são seus nomes, não responde
o que estamos fazendo agora...

Será que é algo de me preocupar, se quem me vê e me acompanha
passa como um vento?

Não sei se estou sinestésico ou resfriado,
mas me satisfaço bem: em ver ou ouvir ou tocar ou cheirar
ou sei lá
Prefiro acreditar que estamos bem.
E como estou bem agora: 13:19 - quarta-feira - dia 24 de 2010

26 de nov. de 2009

Casparás!

Cuspido dos entupimentos de ralo,
desgraça do poder subjuntivo das cortes,
aos cortes, o poderoso-poderoso edificou minha impostura de andarilho,
canificado nas vias das vontades generais,
fugitivo em todo assalto do dinheiro fluvial.

Tinha por pressuposto os meios de fuga,
tinha na língua o mais ardiloso instrumento e ferramenta
de criação de situações e fatos... Eu era o melhor dos burocratas mais velhos

Sabia de cada buraco a cada sigla.
Era um produtor de fatos
A fábrica que não se sabe quantos trabalham,
distribuidora de trajetos compartilháveis
e consumidora impar do dia-a-dia

30 de out. de 2009

Não acreditamos no suicídio do anarquista
By Adriana Gomes 21/10/2009 At 09:05
fonte: http://www.midiaindependente.org/en/red/2009/10/456955.shtml



Não acreditamos que o professor Chrystina Paiva tenha cometido suicídio.

Não acreditamos no suicídio do anarquista Chrystian Paiva
Não acreditamos no suicídio do anarquista Chrystian Paiva

Aproximadamente às 11h do dia 18 na Praia do bairro Caçarí, na cidade de Boa Vista Capital do Estado de Roraima o professor, poeta, escritor, musico, compositor, anarquista Chrystian Paiva foi bruscamente abordado por uma guarnição da Polícia Militar sob o comando do Subtenente Machado e sem nenhum indício anterior que tivesse intenção de cometer suicídio em um balneário movimentado, em plena luz do dia, a polícia em sua versão disse que o mesmo o cometeu. As testemunhas são controversas, Chrystian Paiva era destro a bala que perfurou sua cabeça entrou do lado esquerdo, a mão esquerda estava machucada, assim como estava com hematomas e arranhões no rosto. Tudo leva crê que não teve como se defender e se tivesse como se defender com uma arma de fogo não atiraria na própria cabeça na frente de policiais militares, não creditamos na versão oficial da imprensa e mídia de que Chrystian Paiva tenha cometido suicídio. O Professor Chrystian Paiva era anarquista aguerrido com dois anos em Roraima mobilizou os professores do estado para lutar contra as más condições da Educação, o coronelismo autoritário implantado pelo estado nas escolas e a política pelega do Sindicato dos professores. Passávamos noites junto com ele enviando e-mails, criou blog MOTE e como todo bom anarquista fazia ação direta. Colecionava um grande histórico de lutas de repercussão nacional empreendidas no estado onde nasceu São Paulo e era PUNK desde os 12 anos. Ficamos indignados de saber que um companheiro de luta tão importante para o movimento tenha sido vítima de uma ação de policiais truculentos e queremos vingança. Vamos lutar o mais que pudermos para responsabilizar os verdadeiros culpados, pedimos a ajuda de todos os amigos e companheiros de luta.

13 de out. de 2009

ESCLARECIMENTO SOBRE O EPISÓDIO DE IARAS DO MST


Diante dos últimos episódios que envolvem o MST e vêm repercutindo na mídia, a direção nacional do MST vem a público se pronunciar.

1. A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. O resultado do Censo de 2006, divulgado na semana passada, revelou que o Brasil é o país com a maior concentração da propriedade da terra do mundo. Menos de 15 mil latifundiários detêm fazendas acima de 2,5 mil hectares e possuem 98 milhões de hectares. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras.

2. Há uma lei de Reforma Agrária para corrigir essa distorção histórica. No entanto, as leis a favor do povo somente funcionam com pressão popular. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988.

A Constituição Federal estabelece que devem ser desapropriadas propriedades que estão abaixo da produtividade, não respeitam o ambiente, não respeitam os direitos trabalhistas e são usadas para contrabando ou cultivo de drogas.

3. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas, como acontece, por exemplo, no Pontal do Paranapanema e em Iaras (empresa Cutrale), no Pará (Banco Opportunity) e no sul da Bahia (Veracel/Stora Enso). São áreas que pertencem à União e estão indevidamente apropriadas por grandes empresas, enquanto se alega que há falta de terras para assentar trabalhadores rurais sem terras.

4. Os inimigos da Reforma Agrária querem transformar os episódios que aconteceram na fazenda grilada pela Cutrale para criminalizar o MST, os movimentos sociais, impedir a Reforma Agrária e proteger os interesses do agronegócio e dos que controlam a terra.

5. Somos contra a violência. Sabemos que a violência é a arma utilizada sempre pelos opressores para manter seus privilégios. E, principalmente, temos o maior respeito às famílias dos trabalhadores das grandes fazendas quando fazemos as ocupações. Os trabalhadores rurais são vítimas da violência. Nos últimos anos, já foram assassinados mais de 1,6 mil companheiros e companheiras, e apenas 80 assassinos e mandantes chegaram aos tribunais. São raros aqueles que tiveram alguma punição, reinando a impunidade, como no caso do Massacre de Eldorado de Carajás.

6. As famílias acampadas recorreram à ação na Cutrale como última alternativa para chamar a atenção da sociedade para o absurdo fato de que umas das maiores empresas da agricultura - que controla 30% de todo suco de laranja no mundo - se dedique a grilar terras. Já havíamos ocupado a área diversas vezes nos últimos 10 anos, e a população não tinha conhecimento desse crime cometido pela Cutrale.

7. Nós lamentamos muito quando acontecem desvios de conduta em ocupações, que não representam a linha do movimento. Em geral, eles têm acontecido por causa da infiltração dos inimigos da Reforma Agrária, seja dos latifundiários ou da policia.

8. Os companheiros e companheiras do MST de São Paulo reafirmam que não houve depredação nem furto por parte das famílias que ocuparam a fazenda da Cutrale. Quando as famílias saíram da fazenda, não havia ambiente de depredações, como foi apresentado na mídia. Representantes das famílias que fizeram a ocupação foram impedidos de acompanhar a entrada dos funcionários da fazenda e da PM, após a saída da área. O que aconteceu desde a saída das famílias e a entrada da imprensa na fazenda deve ser investigado.

9. Há uma clara articulação entre os latifundiários, setores conservadores do Poder Judiciário, serviços de inteligência, parlamentares ruralistas e setores reacionários da imprensa brasileira para atacar o MST e a Reforma Agrária. Não admitem o direito dos pobres se organizarem e lutarem.

Em períodos eleitorais, essas articulações ganham mais força política, como parte das táticas da direita para impedir as ações do governo a favor da Reforma Agrária e "enquadrar" as candidaturas dentro dos seus interesses de classe.

10. O MST luta há mais de 25 anos pela implantação de uma Reforma Agrária popular e verdadeira. Obtivemos muitas vitórias: mais de 500 mil famílias de trabalhadores pobres do campo foram assentados. Estamos acostumados a enfrentar as manipulações dos latifundiários e de seus representantes na imprensa.

À sociedade, pedimos que não nos julgue pela versão apresentada pela mídia. No Brasil, há um histórico de ruptura com a verdade e com a ética pela grande mídia, para manipular os fatos, prejudicar os trabalhadores e suas lutas e defender os interesses dos poderosos.

Apesar de todas as dificuldades, de nossos erros e acertos e, principalmente, das artimanhas da burguesia, a sociedade brasileira sabe que sem a Reforma Agrária será impossível corrigir as injustiças sociais e as desigualdades no campo. De nossa parte, temos o compromisso de seguir organizando os pobres do campo e fazendo mobilizações e lutas pela realização dos direitos do povo à terra, educação e dignidade.

São Paulo, 9 de outubro de 2009

DIREÇÃO NACIONAL DO MST

8 de out. de 2009

rádio comunitária
UFRGS publica cartilha de como fazer rádio comunitária com licença Creative Commons
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), está publicando a cartilha “Para fazer RÁDIO COMUNITÁRIA com "C" maiúsculo".
A obra é organizada por Ilza Girardi, professora do PPGCOM, e Rodrigo Jacobus, mestrando do programa, e dá sequência a um trabalho de seis anos que já havia publicado a “Cartilha (sem frescura) da Rádio Comunitária”.
A cartilha, que traz um histórico das rádios comunitárias, questões da legislação e fornece informações de como montar uma rádio, está sobre licença Creative Commons e pode ser distribuída gratuitamente sobre a mesma licença, que pode ser conferida na página 4 da obra.
Em anexo a cartilha.

7 de out. de 2009

Protestos põem à prova tolerância kirchnerista

Intensificação de manifestações de esquerda argentina faz governo recorrer à polícia para evitar bloqueios

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

Habituado a esgrimir com adversários políticos que identifica com a direita, o governo da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, se viu pego no contrapé pela esquerda.
O aumento dos protestos de rua coordenados por centrais sindicais não alinhadas ao governo pôs em xeque nas últimas semanas um dos eixos do kirchnerismo -a tolerância às manifestações populares que se valem da interrupção do
trânsito para chamar atenção.



Transito pela cidade...

Trânsito pela cidade...

Pela cidade, mais nada de Trânsito!

Apenas a mesmice ilusória do ter-de-ir-e-vir

Devir pra onde não se pode mais ter ninguém que nos presta atenção

Não é escolher os rumos... Sempre de mais de um carro

Mas nossas mãos

seguras como guia de nossos automóveis

Só comunicando às businas

Não tem coragem de levantar uma bandeira que seja


O meu direito de ir-e-vir

tão mericido pelos pés que não ando

Pegam carona, sem saber, na rabeira do caminhão

que não se sabe pra onde vai

E todos a respirar o mesmo ar

se igualam no cancer dos pulmões

e nas vontades de respirar


Mas ainda assim vamos,

e se alguém nos para, interrompe, e nos assusta

Diga: “Seu filho da puta! Besteira imaginar que tudo para!

Maior ainda é a barricada que nos espera...

17 de ago. de 2009

Ouro Preto

Foda-se essa tal fé que comove até motanhas
e edificam as igrejas de Ouro Preto!
A mesma fé que abate, prende e desconfia
do pigmento tingido no olho de policiais a paisana

De frente à Igreja,
O padre ou policia, prega:
"Preto sem Ouro Preto corre agora
É Preto que é do Ouro,
Não é Ouro que é de Preto"

Na paz Santa e celestial
das abobodas de cada igreja,
ecoa esse mantra subliminar,
fé da brilhante invenção da raças ruins e boas
que já cansaram por demais os olhos do mundo
E as mão dos escravos

4 de ago. de 2009

MUNDANO

Mudo, sou mais um a menos...
Minha boca de fantasia costurada, cala,
e de tão calejada,
seca mais que o alísio vento

Aquelas Brisas vinda de outros verso,
pressentindo chuva e cheia das feia,
que leva a vida de gente e tudo que elas tem,
inundaram de fato todas as voz consciente
das pessoa desse mundo

os que se julga - mudo...
os que se dizia - mudo...
os que se pensava - mudo...
mudavam era tudo outra vez!

E a "boca" cheia de suas securas,
enfim se dá conta que tudo é cheia

no meu sentimento
mudo
de novo
acerto que mudei
e desperta de novo pro mundo
a possibilidade de se encher as boca d´água
de mais sede

Voltar a se esbaldar,
com a Boca-instrumental das torrente,
para ouvir o som
ininterrupto-irrepetitivo das água

3 de ago. de 2009

AGOSTO É MÊS DE LUTA!




Não às demissões!
Pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários!
Em defesa dos direitos sociais!

O Brasil vai às ruas no dia 14 de agosto. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade unidos contra a crise e as demissões, por emprego e melhores salários, pela manutenção dos direitos e pela sua ampliação, pela redução das taxas de juros, na luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e urbana e em defesa dos investimentos em políticas sociais.

A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista mundial, os Estados Unidos da América, e atinge todas as economias.

Lá fora - e também no Brasil -, trilhões de dólares estão sendo torrados para cobrir o rombo nas multinacionais, em um poço sem fim. Mesmo assim, o desemprego se alastra, podendo atingir mais de 50 milhões de trabalhadores.

No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levou à demissão centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

O Governo Federal, que injetou bilhões de reais na economia para salvar os bancos, as montadoras e as empresas de eletrodomésticos (linha branca), tem a obrigação de exigir a garantia de emprego para a classe trabalhadora como contrapartida à ajuda concedida.

O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultado de um sistema que entra em crise periodicamente e transforma o planeta em uma imensa ciranda financeira, com regras ditadas pelo mercado. Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a Classe Trabalhadora pague pela crise.

A precarização, o arrocho salarial e o desemprego prejudicam os mais pobres. Nas favelas e periferias. É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada de trabalho sem reduzir salários, acelerar a reforma agrária e urbana, ampliar as políticas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.

Com este espírito de unidade e luta, vamos realizar, em todo o país, grandes mobilizações.

NÃO ÀS DEMISSÕES! PELA RATIFICAÇÃO DAS CONVENÇÕES 151 E 158 DA OIT!* REDUÇÃO DOS JUROS! FIM DO SUPERÁVIT PRIMÁRIO! REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS! REFORMA AGRÁRIA E URBANA, JÁ! FIM DO FATOR PREVIDENCIÁRIO! EM DEFESA DA PETROBRÁS E DAS RIQUEZAS DO PRÉ-SAL! POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA! POR UMA LEGISLAÇÃO QUE PROÍBA AS DEMISSÕES EM MASSA! PELA CONTINUIDADE DA VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO-MÍNIMO E PELA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL AOS POVOS!***


fonte: http://www.mst.org.br/
Queridas(os) companheiras(os),

Já de muito, parece que esse blog não vai bem... Primeiro, por que não tem sido honesto em seu conteúdo e suas proposts; não se faz agitação social ou se cria um movimento, o movimento é um fato. Em segundo, só com post - por mais que desconfie que as palavras escritas possam deter grande poder de artilharia - não dá para colaborar muito com a realidade local desse canto do mundo que é Itupeva.

E não é um canto qualquer, como se possa dar audiência de ser, os que adoram uma jaca pronta pra enfiar a cabeça. Dá trabalho criar Jacas para enfiar a cabeça, é preciso ousar sem perder a humildade. E quantos agricultores, pontenciais ou já - de fato - agricultores, não temos em Itupeva! Quantos jovens, trabalhadores, produtores de frutas, cultura, artesanato, produtores da nossa vida não esperam por reconhecimento! Esses que ainda só são vistos e só se refletem, por vezes, como meros serventes de uma elite abastada que só reconhece os méritos do trabalhado com o dinheiro.

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Não se questiona aqui um determinada ou outra pessoa, mas a própria despersonalisação das relações entre os homens... despersonalisação esta, que o trabalhador de itupeva, e de qualquer canto do mundo, sofre ao ser subjulgado a uma estrutura burocrática e hierarquica de produção.

Enfim, o papo é sério, mas o nosso doce fim último é lembrar do discanço. Fazer com que o trabalhador, o estudante, o sei lá quem de onde sinta a sensação de liberdade , que é sempre maior quanto mais gente a sente assim livre (um beijo pro Bakunin!) ... quem conhece essa sensação não deixa de lutar por ela... ou melhor por nós

Ainda vão ouvir falar de nós!