18 de fev. de 2011

Em sampa... tá 3 conto o Busão!


O que mais entristece, quando vejo um movimento pelas ruas a protestar por direitos legítimos, é ouvir os comentários dos que não estavam por lá. A “crítica” a distância evita os riscos e conserva o corpo inerte e inteiro!
Sob a receita pronta do “não precisava chegar a esse ponto”, do “existem outros meios”, um dos achos e não achos nossos de cada dia, nos mostramos defensores da pomba branca da paz e da intuitividade individual na resolução de todos os problemas do mundo (!), sejam quais forem eles. Da organização da vida pessoal as incumbências do trabalho ou - de rabeira - na organização de uma marcha ou protesto que passe na TV, o engenho individualista lampeja e dá suas saídas...
A receita da receita é simples: seja esperto e evite os riscos.
Pra quem já participou de um ato público, de uma luta coletiva e sofreu repressões por tal atividade, sabe muito bem isso. A agonia dos revoltados a distância vai além do fato de não poder estar presente no movimento. O foda é não conseguir fazer trabalho de base em nossa própria casa...


LONGA VIDA AOS PROTESTOS DOS ESTUDANTES E TRABALHADORES!
"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prende"


para mais informações sobre o ato: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/pm-reprime-com-violencia-ato-contra-aumento-das-tarifas-de-onibus-em-sp.html

16 de fev. de 2011

A Pólis
Itupevenses!


Itupeva, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A todo instante, ao falarmos de política, instituições públicas ou iniciativas sociais coletivas, já nos vem a sensação de que o assunto de alguma forma se relaciona a corrupção ou de algo com poucas possibilidades de funcionar direito. Esse, de fato, é o nosso sentimento, a nossa constatação, que vem acompanhada com o pesaroso desânimo no tocante a tudo que se relaciona com o Público: pergunte ao estudantes, aos secretários do funcionarismo público, pergunte ao vereador mesmo, ao anarquista inveterado, ao descompromissado, pergunte ao trabalhador comum...

Todos fazemos parte desse grande público, que assiste a tragédia da política no cotidiano, mas, ao mesmo tempo, não reconhecemos devidamente o nosso próprio papel nisso tudo. Aos poucos, as pessoas e o próprio espaço onde trabalham e atuam vão ganhando a marca da frustração e do desânimo. Os funcionários públicos e os usuários dos serviços públicos, por exemplo, encontram-se então travados com o problema crônico de uma “política sem política”.

“Política sem política”, por que a política, que deveria estar relacionada a um debate público, amplo, entre iguais, sem pressa eleitoral, fica cada vez mais perdida na nossa e em tantas outras cidades, sobrevivendo entre um paternalismo e clientelismo típico de nossa região.
Somos, assim, paternalistas por acostumarmos a ver políticos institucionais como os únicos capacitados a decidir e entender sobre os rumos dos problemas públicos. Seriam para nós, como papais do povo, reorganizados a cada 4 anos, quando, finalmente, seus filhos podem abrir a boca com algum resultado. Clientelistas por acreditarmos que tudo que esse papai faz é uma obrigação moral: se não dá, a gente chora e berra pra o primeiro infeliz que nos apareça na frente, tal como fazemos na demora de um hambúrguer, ou num serviço privado mal prestado. Geralmente, o funcionário do balcão mais próximo ( o elo mais fraco, o testa de ferro, o ouvido de pinico) é quem suportará nossa necessidade de suprir essa revolta pontual, tão mais intensa quanto menos transformadora da situação pela qual passamos. Depois da revolta episódica, já podemos voltar a criticar a política nacional, os estudantes em passeata, os sem terra, os vagabundos, os grevistas e etc...

Na pólis, itupevenses, pendulamos entre essas duas figuras: o paternalista e o cliente. Não deixam de ser dois modos de lidar com o público, nos dois sentidos da palavra... paternalistas e clientelistas ao lidarmos com o público que nos rodeia; paternalista e clientelistas ao lidarmos com a esfera pública, com todas as instituições públicas que também nos rodeiam, com todas as tomadas de decisão que afetam a nossa cidade e que também nos rodeiam...
Rodeiam, rodeiam, rodeiam, rodeiam... (!) E nesse touro brabo... o itupevense permanece se equilibrando. Erro do Boi, erro do peão... Política não combina com rodeios, não combina com esses bois ferrados pela marca da burocracia, dos ofícios e dos carimbos... isso não é política, isso é desculpa esfarrapada pra impedir uma compreensão mais realista e participativa a cerca dos problemas da nossa cidade e, por que não dizer, do mundo.
Compreendendo que há uma contradição mal resolvida entre assistir individualmente os problemas que nos rodeiam e a resolução dos mesmos que se dá de forma, necessariamente, coletiva e pública, num espaço público e aberto – entendendo isso é que vem a mente algumas perguntas e um apelo: Será que política é só isso mesmo? Será que não andam mantendo esse Monstro Burocrático, Corrupto Feio e mal Feito pra poder controlar a participação popular nos rumos da política local e nacional, para nos desestimular a levantarmos nossa voz? Afinal, dizem que andam “fazendo algo por nós”... andam “investindo em educação”, por nós... que andam “melhorando a saúde e a aquisição de remédios”, por nós... “responsabilizando-se” pela desigualdades sociais, por nós... destinando verbas pra lá e pra cá, por nós... que tem levado cultura igualmente, por nós... que tem tratado as demandas de empresários com o mesmo apreço e disponibilidade que trata a dos trabalhadores assalariados, por nós (!) ... Será mesmo? Não sei não, só me cabe o apelo: a Pólis Itupevenses!




Orlando L. Pimentel