26 de nov. de 2008

OIT: efeitos da crise sobre
salários serão 'dolorosos'

Os efeitos da crise no sistema financeiro mundial sobre os salários em 2009 serão "dolorosos", alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Uma combinação entre baixo crescimento econômico ou recessão e alta volatilidade dos preços dos alimentos e da energia vai erodir os rendimentos de muitos trabalhadores, particularmente os mais pobres. Em muitos países, a classe média também será seriamente afetada, e as negociações entre empresas e sindicatos serão tensas. "Para 1,5 bilhão de trabalhadores assalariados no mundo, avizinham-se momentos difíceis", afirmou em relatório o diretor-geral da OIT, Juan Somavia

Parte de notícia tirada de http://br.noticias.yahoo.com/s/25112008/25/economia-oit-efeitos-da-crise-salarios.html

25 de nov. de 2008

DE COMO TOCAR O PUTEIRO,
MAIOR AINDA, EM ITUPEVA
...

Aeeeee povo, vou tentar expor aqui algumas hipóteses de acões que fariam de itupeva um lugar muito menos monótono e bem mais atraente para coraćoezinhos pulsantes e desejosos de grandes transformacões nesse mundo cão.

Somos poucos, quase únicos, na aparência de nossa solidão. Ineficientes em nossa comunicacão de idéias às massas, também somos com certeza! Mas, no que desejamos, somos quase tudo, quase todos! No que ousamos pensar, estamos únidos como um bloco coeso, mesmo sem saber quantos somos de verdade. Isso não importa... O que importa é que qualquer coisa nessa vida nunca acontece por iniciativa de um só e nossa pretensão é mostrar justamente isso.

As grandes transformacões, para o alcance de nossa liberdade, já se manifestam em nós, pequenos desejosos.

Enfim, tocar o puteiro em itupeva não é, como pode dar a impressão, o extremo da porraloquisse. Nem deve ser entendido que odiamos os puteiros, coisa do capeta... por favor! É, antes de mais nada, um desejo de rebeldia, que comeća necessariamente atordoado, caótico, contraditório... com muito ódio e pouca responsabilidade, mas que visa dar coragem às pessoas de enfrentarem os repressores de nossas vidas e pensamentos. Em outras palavras: fazer o esforco de entender que o desaforo, mesmo que a gente tente impedir, sempre está sendo engolido e levado pra casa. Nossos muros e cercas não barram desaforos.

Logicamente, pensa-se estar ganhado estabilidade e seguranca, ao nos cercarmos de câmeras e muros de dezenas de metros. Mas, tal impressão é tão ilusória, que pode se perceber, no cotidiano das bolhas-residenciais fechadas em que vivemos, que os dilemas e inseguranćas não vão sair tão facilmente de nossas cabecas. Estes se manifestão no nosso medo de deixar as portas abertas, o medo do vizinho, o medo do outro, o medo de correr risco, o medo de ter medo, a pouca vontade de fazer qualquer coisa e a reproducão de uma vida de pau-mandado!

Contra isso e tantas outras coisas segue algumas propostas alucinativas:

1 - CANTINHO DO CÉU:

Tem sempre umas chacarazinhas que colocam na entradinha do terreno aquelas plaquinhas bonitinhazinhas escrito: 'recanto encantado', 'pedacinho do céu' , 'chácara dos sonhos', 'chácara do oba-oba', 'Abobrinha' (O que leva alguém a colocar um nome desses?). Puta besteira!

Vamos quebrá todas essas merdas de placa!

Outro dia fiquei sabendo de uma tal chácara desses nomes melosos que teve que cair na real. Aquela realidade distante e violenta, coisa do passado para os protegidos-entre-cercas, não mais batia na porta. Ela Arrombava, tomava de susto como reféns os moradores, expressava o choque intenso e a falta de reconhecimento do outro como ser importante para vida... seja por parte do "bandido", seja por parte da "vítima". Não perceberíamos, nem que quiséssemos, o que sentiu cada um dos envolvidos. Mas uma coisa é certa: Cantinho do céu, porra nenhuma!


2 - PIQUENIQUE DIFERENTE:

Piquenique de comida roubada! É uma das mais quentes sensações em épocas de crise econômica mundial, seja nos EUA, na Europa e em Paris, seja em 1929, ou 2009! Essa moda vai pegar no Brasil e no Mundo!

A tendência primavera-verão 2009 nos trará enormes surpresas de estilo e atuacão. Além, do pontual piquenique de comida roubada, nas manifestacões de rua, teremos movimentos com looks muito mais agressivos e o vermelho ,simbolizando o sangue derramado na Comuna de Paris, não deixará de faltar, trazendo referências retrô a década 1870, quando o tom não podia faltar nos uniformes de policiais e nos corpos esguios da massa trabalhadora de Paris.
Temas ligados à greve, revolta, abuso de poder, fome, desemprego, terão grande expressão nas passarelas do mundo todo.
Tudo isso aparece sintetizado no motim e no roubo, ou melhor, na prática do motim e do piquenique.

Para as pessoas mais fashions e ousadas, que vêem que a aparência muda até mesmo a essência dos seres, vai uma dica: não pense que só Barack Obama ou Lula vão se vestir bem nessa crise, você também pode impressionar bastante! Como todo espaco nesse é uma passarela, a dica é: não deixe de estar antenado com a tendência primavera-verao 2009! Manifeste-se em seu trabalho. Em sua escola. Faca um piquenique coletivo de comida roubada! E deixe de boca aberta, salivando, todos os seguranćas do supermercado e o próprio sistema capitalista...

4 - FESTAsPROTESTOs

Organizemos festas nas praćas públicas itupevenses, para angariar fundos para um jornal independente, uma empreitada autogerida, um estúdio de música cooperativo, etc... se divertindo e protestando contra as tantas barreiras que se faz às pessoas para suas empreitadas.

5 - PIXACÃO e LAMBE-LAMBE DE CARTAZES

Pixar, mais do que tudo. Divulgar idéias. Romper com o vazio "aparente" dos muros. Fazer Gibis em cartazes A3, com personalidades itupevenses falando sobre revolucão. Entrevistar o prefeito, perguntando o que ele acha da soberania popular. heheheh, viagem loka.

Romper a crise da representaćão, também conhecida como crise da eficiência e das quantidades. Pixar o interesse comum, da soberania dos ativos, dos corajosos.

Foi mal, aí o entusiasmo... Preciso para de fumar maconha...


6 - SAPROFAGIA: uma arma perigosa
Quem não curti viagem, pode pular esse tópico

A antropofagia já não faz mais sentido. Hoje, o sistema devora, para sobreviver, não só outros homens, mas máquinas, guardanapos usados, empilhadeiras, vocabulários, histórias...Restos de alguma maneira nossos. A cultura inteira dos homens, com o acirramento das desigualdades, entrará em conflito com qualquer noćão de propriedade, até mesmo essa primeira que ainda esboćamos aqui: a nocão de propriedade da cultura DOS homens. As elites capitalistas, atentas à isso, focaram suas empresas em produtos cada vez mais especificados, e aproveitaram de cada pedacinho dos usos e práticas do universo humano e não humano que ainda não possuem um valor-de-troca, para minimizar seus custos.
Serão muitas as crises físicas e emocionais, beirando a esquizofrenia. Professores gagas serão devorados pelo Mp3 Player, os lerdos deixados para trás pela Banda larga, as pessoas desprovidas e esfomeadas se acumulando, ao passo que as propriedades se acumulam nas mãos de burqueses robos. Os acessórios, os upgrades, as inovaćões serão as mercadorias para máquinas e não de seres humanos. O público alvo do mercado saprófita: máquinas; o consumidor: máquinas; o produtor: arrisco dizer... máquinas eficientes!
Para a maioria da humanidade mais nada de propriedade... só nos restará o resto, o intenso restante. É aí que não deveremos cair de novo no erro!
Desenvolveremos nossas forćas em resposta à isso, como um germe, uma hiena, ou um urubu. Comendo da própria merda e ineficiência de tudo! Se aproveitando de cada cagada e conrropimento das ordem e critérios estabelecidos, seja da academia (fábrica de idéias), seja nas grandes empresas, para a possibilidade de emancipaćão humana se manifestar.
Atualizando nossa legitimidade e nossa história, reconhecendo a contradicão até mesmo no que vemos como o mais nojento e vil produto da indústria cultura, será o dever de cada professor aprender a comer o que para os filtrados é a privada! Divagar não iremos longe... Até mesmo o que se diz radical será o termo mais estável em toda acão revolucionária.

24 de nov. de 2008


VII Expressões Anarquistas - Ação Já!


Acontecerá no dia 06 de dezembro 2008, o VII Expressões Anarquistas, mais uma edição desse evento que reune o Movimento Libertário Brasileiro, conversando sobre o anarquismo e suas expressões, rumo a emancipação dos oprimidos e explorados!

Cartaz do evento - distribua, divulgue!

Aberto a tod@s, mais informações:

21 de nov. de 2008


Movimento do Trabalhadores Sem Teto
MTST - ocupa supermercados
em diversos estados

REVOLUÇÃO NO BRASIL...
fogo no pavio, fogo no pavio!


Apesar de não primar pela autogestão em sua organização, o MTST, assim como o MST e o MAB (Mov. dos Atingidos por Barragens), tem se colocado como grande empecilho aos interesses dos mais ricos. Suas movimentações contestam diversos temas, cada um com uma bandeira mais próxima: MST - reforma agrária; MAB - não construção de barragens e reforma agrária; MTST - reforma urbana. No entanto, em momentos de crise econômica, como temos hoje, as pautas dos movimentos reivindicatórios do país, talvez mesmo do mundo, passam a se aproximar. A questão da alimentação parece vir a tona , então com toda força...

O que nos possibilita reconhecer as movimentações destes grupos, não como mero autoritarismo, é muito mais o conflito contra os interesses hegemônicos, do que possuir uma organização mais aberta e horizontalizada. Fica a pergunta ... será que no caso do MST, MTST e MAB poderia ocorrer experiências de autogestão?

segue a notícia:

A NOSSA FOME NÃO PODE DAR LUCRO! NÃO PODEMOS PAGAR PELA CRISE!

Hoje, 19 de novembro de 2008, mais uma vez, em luta nos levantamos. São ações simultâneas em 7 estados do Brasil contra o aumento do custo de vida do povo pobre. Desta vez, entramos nos templos-sagrados daqueles que vêem na fome de um irmão o lucro saltando dos bolsos.
No dia de hoje ecoa, em diferentes estados deste rico e imenso país, a voz dos que não têm direito à igualdade racial, ao trabalho digno, ao salário digno, à moradia digna, ao transporte digno, à educação e saúde dignas, nem à alimentação digna, enfim, os que não tem direito à própria dignidade.
Num ato de desobediência civil, aqui ela está: Nossa dignidade. E ela neste momento fala por nós. Fala que não aceitaremos que os ricos fiquem ainda mais ricos com nossa fome. Fala que não aceitaremos que o arroz e o feijão dobrem seu preço enquanto o Estado diz que nada pode fazer, mas ao mesmo tempo injeta bilhões de dólares aos bancos e especuladores. Fala que a terra que deveria produzir o alimento para a sociedade é um mar de cana para fazer rodar os carros em várias partes do mundo. Fala que jogam com nossa fome numa bolsa de valores onde nós somos a única coisa que não vale nada; porque somos gente e não temos preço. Fala que, embora não valhamos nada, é a nossa carne que será usada para pagar a crise financeira mundial. Fala que essa crise – produto de um sistema irracional e injusto – desempregará milhares (ou milhões?) de trabalhadores e lançará outros tantos na mais profunda miséria em todas as partes do mundo e de nosso país.
Mas nossa dignidade não apenas fala, porque nossas vozes são cansadas do sofrimento e da injustiça. Nossas vozes gritam, exigindo aqui, diante de um símbolo do imperialismo, da ganância que eleva o preço da comida e de um sistema que não existe sem crise, fome, violência e injustiça, que seja nosso tudo o que produzimos com nosso suor.
Por tudo isso, exigimos:

- Política estatal de controle e congelamento de preços.
- Manutenção e abertura de novos restaurantes populares públicos.
- Abertura de mercados populares subsidiados pelo estado e administrados por organizações populares.
- Nenhum subsídio ao mercado financeiro. Que o governo subsidie a alimentação, a moradia popular, o transporte público, etc.

ASSINAM ESTE MANIFESTO:

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - Movimento Urbano dos Sem Teto - Movimento Passe Livre (SP) - Movimento dos Conselhos Populares (CE) - Frente Estadual de Luta pela Moradia (MG) - Brigadas Populares (MG) - Movimento das Famílias Sem Teto (PE) -Movimento Quilombo Urbano (MA) - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (PA) - Centro Popular pelo Direito à Cidade (PA) - Movimento Popular Socialista (PA) - Federação das entidades comunitárias de Castanhal (PA) - Associação Afro-religiosa Omo Ode (PA) - Grupo Garra Afro (PA) - Circulo Palmarino - Movimento Sem Teto da Bahia.

20 de nov. de 2008

Esta foi uma proposta de estudantes que se auto-organizaram para fazer uma oficina grafite e stencil em itupeva. Eles não são do coletivo, mas o projeto esboça muito em comum...



Grafite e Estêncil na Escola

Expressão e formação político-cultural de pessoas



Vivemos um momento de esvaziamento de sentido da atividade educacional. A escola, como espaço de ampliação de conhecimento, não tem sido mais legitimada pelos estudantes e por muitos de seus construtores, sejam eles professores, pais ou funcionários. A educação tem, cada vez mais, se consolidado como uma prestação de serviço obrigatório do Estado, que garante um mínimo de aprendizado para a eficiência de um bom profissional, sem questionar o vínculo com critérios que não são constituídos e decididos pela comunidade escolar. Não é de se espantar o resultado.
A família, sob a qual muitas vezes se põem o maior peso da culpa, também, por vezes, passou pelo mesmo processo de não reconhecimento da importância da educação e falência do valor dos conteúdos escolares. Aprender chatices como filosofia, português, matemática, só faz sentido quando vinculadas a necessidades de sobrevivência, nas quais, infelizmente hoje, a primeira conclusão a que chegamos é que a utilidade da aprendizagem é diretamente mediada pelo sucesso financeiro, o que cria um efeito inusitado: há o incentivo a aprender do que não se gosta e a obrigação de atestar conhecimento em algo que não faz sentido para quem “aprende”.
Mas, se fosse só esse o viés pelo qual a vida das pessoas se encaminhasse, não poderíamos pensar noutra alternativa de educação além da posta – ensinar para poder virar um bom profissional. Sendo assim, toda crítica, em qualquer que seja a matéria, já estaria pressuposta e subjugada por critérios que, direta ou indiretamente, se pautariam por demandas de uma “eficiência maquinal dos estudantes” para se adequar ao mercado de trabalho.
A instituição escolar, desbaratinada, mantém a sua tradicional reprodução de valores e conteúdos, sempre num mesmo formato, imputado por outras tantas instituições de poder. Não se percebe, porém, que também se manifesta poder de decisão nas ações mais inusitadas dentro da escola, sejam elas desrespeitadoras ou de enfrentamento a qualquer autoridade do professor, por exemplo. Talvez, aí esteja um embrião de vontade de conhecimento que as estruturas rígidas da escola não conseguem admitir e, por essa aparente necessidade de mantenimento da estrutura educacional como está, é criado o isolamento quase que irreconciliável entre o bom e mau aluno, entre o bom e mau funcionário, entre o bom e mau professor.
Diante disso, apesar da broxante situação da escola pública, na qual muitos professores bons perdem o entusiasmo e ousadia de seus projetos, a possibilidade de contradizer esses rumos da educação, acreditamos, se encontra latente nos membros da escola, ou melhor, nesses agentes sociais.
Para o reconhecimento e a significação do espaço escolar, devemos partir de uma reflexão, aparentemente, mais específica: a questão do próprio espaço físico e sua organização estrutural. O estudante não ocupa, não se apropria do espaço escolar. Apenas reproduz uma obrigação cotidiana de repetir o mesmo ritual de horários, disposição e presença física. Quando pretendemos ocupar o espaço escolar, na realidade o que se almeja é fazer perceber às pessoas seu papel decisório dentro desta instituição e de tantas outras. Associar valores diferentes pra o que significa a escola.
Faz-se necessário, para tal proposta, estar aliado aos movimentos que propiciam a auto-organização de pessoas e a expressão destas como participantes ativas da comunidade escolar e sociedade. Com esse foco, é que propomos à escola José de Anchieta (SANTA FÉ), além do incentivo à auto-organização (não só estudantil, mas também docente e de funcionários) o desenvolvimento de uma oficina de grafite e estêncil para repensar o espaço onde é possível se pensar e aprender.
Para dar conta do projeto, precisamos de autonomia para a livre expressão dos estudantes, professores e funcionários, que pintariam, em conjunto, a estrutura da escola, sejam seus muros, ou outros espaços, para fomentar o processo coletivo de auto-organização e decisão.

Como foi:

A atividade ocorreu na Escola Anchieta, no bairro do Santa Fé, aqui em Itupeva. Não foi organizada pelo nosso coletivo, mas já mostra algumas propostas de organização parecidas com a nossa , além de servir de exemplo de como são complicadas as relações dentro de uma instituição escolar.
A proposta acima, feita por professores da Escola da Família de itupeva e estudantes universitários de sampa, suscitou grande divulgação e comoção na escola. A atividade aconteceu à um mês atrás quase, mas marcou, literalmente, aquele lugar, onde, até hoje, se pode notar que pelo menos algo de diferente poderá ser lembrado pelos integrantes daquela instituição. Com toda certeza, eles lembraram que deu tudo errado!
E foi justamente a falta de êxito do projeto, em sua prática pontual daquele dia, que lhe conferiu uma coerência que se escapa do próprio desejo dos organizadores de ampliar a discussão a cerca do papel ativo de cada indivíduo na escola. O que ocorreu, naquele dia, foi um descontrole total!!! hahahah... O papel ativo das pessoas não precisou ser discutido para ocorrer a atividade, pois o pessoal já foi direto ao ponto: pegou as latas e pintou, sem essa de planejar nada! Quem não sabia perguntava e aprendia, arriscava... As pessoas completamente alucinadas por estarem, talvez, pela primeira vez, pegando numa lata de tinta e podendo expressar qualquer coisa numa parede - antes lisa, sem nada que pudesse ser identificado com os participantes da escola - sentiram a sensação de aventurar-se, de correrem o risco do erro – algo que deveria ser um dos pressupostos e supostos do aprendizado. Infelizmente, não durou por muito tempo...
O descontrole da situação e a criatividade dos estudantes foi demasiadamente mal encarada pela autoridade maior da escola , o diretor. E é compreensivo o porquê: o diretor tem responsabilidades, em nosso sistema educacional, que lhe fazem ser quase um robo-burocrático, tendo que prestar contas para mais outros e outros e outros responsáveis; tendo que ser eficiente pra não ser engulido. O mantenimento da ordem está como uma de suas metas na instituição escolar. Pena que não seja esta a mesma meta da educação, que deve ter um objetivo atualizado pelos propósitos emancipatórios de seus participantes - sejam eles estudantes, funcionários ou professores; Não importa somos todos pessoas.
O que pode se concluir, nessas condições precárias, que, ou o aprendizado, com sua necessária experimentação e possibilidade de erro, não foi compatível com a direção, ou a direção tem um papel de agente restritivo para o desenvolvimento do gosto pelo aprendizado. Entre essas duas hipóteses, bambeavam os estudantes que esboçaram até mesmo vontade de discutir os posicionamentos da direção quanto a atividade. Segundo a diretoria tudo que se passava por ali era vandalismo, pixação não era algo bonito de ser visto. De fato não era! E o que poderia se esboçar naquela parede, por parte dos quase 100 participantes da oficina não poderia ser algo diferente do dia-À-dia deles. Mesmo ao projetarem em suas pixações e grafites símbolos, letras e códigos indecifráveis para quem não daquele determinado grupo, ainda assim, por mais controverso que pareça, a mera impressão de um nome próprio expressava bem mais do que só um nome. As pessoas que participavam sentiam uma tal necessidade de reconhecimento, sendo tão cobradas por isso o tempo todo, que não havia nada mais significativo do que aquele ato.
Mas a oficina de grafite, as pixações, os desenhos, os erros... tudo isso foi o de menos. O que importava, ao final do dia, era expor as discordâncias. Sentar em roda e poder compartilhar o conflito, entre iguais. Seja o diretor, os funcionários ou o estudantes poderiam, finalmente, se conversar a partir de um ponto comum-contraditório. Este ponto era, na verdade, um questionamento: o que era aquilo que tínhamos feito naquele dia? Pixar era errado? Tinha ficado bonito?
Infelizmente, o que percebemos depois, foi que não sentávamos, ali, entre iguais. Não se interrompeu a história das autoridades só para acontecer um oficina. É preciso muito mais... Aparentemente todos falavam no mesmo tom, concordavam e mudavam de idéia em prol de um consenso calado. E isso foi a essencial da hora. Depois, ao passar da semana, as pixações nas paredes foram pintadas, ou melhor, escondidas, à mando da direção, que também soube coagir os alunos para aceitarem a ação.
Há de fazer uma ressalva: nessa de brincar de esconde-esconde do que acontece(u), pelo menos alguns jovens esqueceram também, por alguns instantes, o olhar vigilante da instituição.

19 de nov. de 2008


NOsso Coletivo pretende trazer discussões e práticas para organização da comunidade itupevense na luta pela melhoria da qualidade de vida da população. Trabalhadores, estudantes, ou, enfim, qualquer pessoa deve ter seu direito de expressão e de almejar uma realidade melhor para nossa vida em sociedade, porém são duras as barreiras desta porcariazinha de sistema, que se manifesta no cotidiano do nosso mundo véio com porteira!

No capitalismo e em Itupeva, até mesmo nossos desejos são vendáveis e o que as pessoas pensam que poderá melhorar suas vidas, só passa a endividá-las, separá-las do convívio social, isolando-as em bairros fechados, cercados por muros e concertinas. Não é difícil de concluir que não será só mudando suas próprias vidas que os problemas sociais serão resolvidos, ou privilegiando um pra depois mudar o outro. São problemáticas sempre ligadas.

Com a promessa de seguranca & qualidade de vida, as imobiliárias aumentam seus lucros com a expansão de compra e venda de terrenos, criando a fragmentacão de interesses. Entre aquele que tem e que não tem posses, erguem-se as cercas para o sonho de todos: viver a vida em paz.

MAS, o Estado é de conflito. Mesmo sem notarmos, tudo parece nos guiar para a mesma conclusão das sábias palavras de nossa companheira Sheirosa: É Ado... AAdo... cada um no seu quadrado! À cada muro que sobe, a cada novo quadrado, à cada novo condomínio e novas promessas de melhoria de vida, cresce também a periferia da cidade, a desconfianca, a inseguranca e o descontentamento com a condicão social da populacao de baixa renda. Apesar de os "mais bem de vida" em nossa cidade falarem, por vezes, que tem as mesmas vontades de mudar esta realidade péssima, o que se percebe é que eles já tem um compromisso maior: defender suas cercas e sua autoridade. Aquela vontade de ser feliz que todo mundo compartilha, virá enfeite de discurso omisso. Ninguém mais pode esconder que o privilégio desta minoria abastada, implica, para os explorados, a negacão dos seus sonhos.

O ápice de preocupacão social dos privilegiados é sua contribuicão de donativos... se limita à filantropia, à dízimo para aliviar a culpa com a opinião pública. Assim segue a prática socialmente responsável do típico burguês itupevense: caridoso no jantar da APAI, mas explorador, que não abre mão de seus lucros, no restante da vida e em sua empresa. É esse o mesmo explorador que teme o ladrão, mas não faz nada além de aumentar os muros de sua casa e viver nas bolhas-residenciais; que barra nossa liberdade de ir e vir, não só nos condomínios, mas na vida em geral.


!-!- PARA ALÉM DAS CERCAS -!-!
ainda há possibilidade, vida e organização


As movimentações já ocorrem em nossa cidade. Seja nas associações de bairro, grêmios de escola, coletivo de pixadores e grafiteiros, skatistas, educadores organizados, enfim, as pessoas inevitavelmente se organizam e, juntas, enfrentam os problemas do cotidiano. O COLETIVO_ANARQUIA_ITUPEVENSE quer, então, não criar algo novo, mas ajudar nos debates e práticas acerca dos problemas sociais que a populacão de Itupeva enfrenta. Sempre longe de uma perspectiva eleitoreira ou autoritária, também gostaríamos de salientar a importância do pensamento anarquista para as discussões de auto-organizacão, da importância histórica que pode se dar à este movimento e de quanto nós, também membros ativos dessa história, temos um papel a cumprir na luta social.



Bjos!
Tchau!